Do ventre solta o fio do grito e corta a paixão
umbilical
tão macia e voraz que não a dessedenta
Leva o olhar a fingir uma reza até que nada veja
nem o grito que sobe, nem as mãos desvairadas
a moldarem em cálculos infinitesimais o lugar vazio.
O grito sobe e o sismo viaja nos caminhos do corpo
numa pornografia de tendões e músculos
numa ode orgíaca de pele e rios caudalosos
Engole as palavras a fingir que é saliva
e só o grito paira sobre si, agora morno e pálido
agora sonolento, até que o gere uma outra vez
© Margarida Piloto Garcia
© Foto de Jaroslaw Datta
© Margarida Piloto Garcia
© Foto de Jaroslaw Datta
Sem comentários:
Enviar um comentário